«Cauda do meu elmo de bisso ourivi…»

«Hoje aprendi…»

…Que o bisso, ou «seda do mar», é um tecido antigo semelhante a um linho muito fino ou seda fabricado com as barbas dos moluscos, e que se for tratado devidamente com especiarias e suco de limão, brilha dourado ao sol.

Segundo Álvaro Cunqueiro, os cavaleiros galegos faziam as penas dos bascinetes dele:

O freixo está teste prá lança lavrar,
e o palafrém1 teixo venho de ferrar!

» Se ao maio vás2,
farás-me chorar…»

Cauda do meu elmo de bisso ouriví3:
o ar do maio nasceu para ti!

» Se ao maio vás,
farás-me chorar…»

Senhores farfãs4 da boa ventura!
Ameaça-nos Deus na cavalgadura!

» Se ao maio vás,
farás-me chorar!
O linho alvar5 não espadarei6,
de fio de sangue panos tecerei!»

— Cunqueiro,
em Dona do Corpo Delgado.

Referências

 

nek-gris-100x100

 

Pangur Bán

No século IX, um monge irlandês anónimo escreveu, no mosteiro de Reichenau, um poema ao seu gato branco, Pangur Bán, companheiro nas longas e solitárias horas de trabalho sobre textos que, já na altura, eram antigos e de difícil compreensão.

Segue a transcrição do texto original e uma tradução livre da minha mão:

Messe ocus Pangur Bán,
cechtar nathar fria saindan
bíth a menmasam fri seilgg
mu menma céin im saincheirdd.

Caraimse fos ferr cach clú
oc mu lebran leir ingnu
ni foirmtech frimm Pangur Bán
caraid cesin a maccdán.

Orubiam scél cen scís
innar tegdais ar noendís
taithiunn dichrichide clius
ni fristarddam arnáthius.

Gnáth huaraib ar gressaib gal
glenaid luch inna línsam
os mé dufuit im lín chéin
dliged ndoraid cu ndronchéill.

Fuachaidsem fri frega fál
a rosc anglése comlán
fuachimm chein fri fegi fis
mu rosc reil cesu imdis.

Faelidsem cu ndene dul
hinglen luch inna gerchrub
hi tucu cheist ndoraid ndil
os me chene am faelid.

Cia beimmi amin nach ré,
ni derban cách a chele
maith la cechtar nár a dán,
subaigthius a óenurán.

He fesin as choimsid dáu
in muid dungní cach oenláu
du thabairt doraid du glé
for mu mud cein am messe.

Eu, e mais Pangur o Gato,
trabalhamos de modo grato:
ele, ávido, a caçar os ratos;
eu a escrever em livros raros.

Não há gesta de glória vaidosa
maior que a escrita em verso ou prosa —
mas Pangur Bán não tem inveja:
fica contente com caçar a presa.

E passamos horas, sós na casa
absortos cada um na nossa ânsia:
ele, certeiro, em encher o ventre;
eu, ausente, a nutrir a mente.

Às vezes sucede que desafia um rato
as poutas velozes do meu branco gato.
Nas palavras, nos livros, sucede o mesmo
quando não consigo traduzir um termo.

Descansa a olhada, de momento frustrada,
no oco da parede onde o rato escapara.
E da mesma forma passo a noite a bater
contra velhos textos o meu pouco saber.

Que alegria invade o coração do meu gato
quando a presa sai por fim do buraco!
E igual eu me sinto, orgulhoso e listo,
quando um termo difícil revela o sentido.

E desta forma trabalhamos ambos:
com paciência, em companhia, sem sobressaltos,
cada um envorcado por completo na Arte:
ele na sua, eu na minha parte.

A prática virou Pángur Bán mestre
na arte de caçar roedores silvestres.
Eu ganho, passeninho, maior sabedoria
a trabalhar nos meus textos, noite e dia.

Podes ouvir uma versão (moderna) do poema musicado por Pádraigín Ní Uallacháin, do seu álbume Songs of the Scribe. Há também uma pouca (mais não muita) de informação adicional no artigo correspondente da Wikipédia, incluída uma tradução para o inglês.

 

nek-gris-100x100

 

Armas, Armaduras e Artes Marciais na Guerra das Rosas

A passada quarta-feira, 5 de outubro, o grupo de investigação Discurso e Identidade convidou-me à faculdade de filologia da USC para ministrar uma palestra em volta da vida e morte de Ricardo III de Plantagenet.

Para não perder: a decoração da mesa, proporcionada pola própria faculdade. 😉

Foi algo mais de duas horas de conversa, com bastante interesse e participação por parte do público. Sempre é grato ter a oportunidade de divulgar o conhecimento especializado entre o público geral, mas ainda tem mais valor a oportunidade de trasladar ao mundo académico as possibilidades do nosso campo.

Eis o vídeo da palestra, quase íntegro:

A petição de pessoas do público deixo cá os diapositivos da apresentação que utilizei:

E fotografias, cortesia do público e da organização:

E, finalmente, a lista de vídeos usados como material de apoio para a técnica:

A experiência completou-se na semana seguinte com umas aulas práticas, onde o estudantado pudo experimentar de primeira mão uns movimentos básicos de espada, e ver ao vivo uns combates de demonstração:

 

nek-gris-100x100

 

Receita: Pão de Talhoffer

Desde que descobri a recomendação de Hans Talhoffer de começar o dia com pão de alfarroba e mel, venho experimentando a cozer bolos com esta fórmula para levar aos eventos de artes marciais históricas a que atendo.

Trata-se duma comida calórica, boa para repor energia ou para compensar uma queda de açúcar. O mel adoça bastante a massa, e a alfarroba dá uma cor interessante, uma textura mais densa e deixa um sabor de fundo que lembra bastante o chocolate, sem chegar a ser.

No último (o Torre de Hércules do 2022) o pão teve enorme sucesso, e várias pessoas pediram-me a receita, de modo que fique este artigo como referência. Hei atualizar no futuro se descobrir mais informação.

Criação da receita

Talhoffer fala de que a primeira comida do dia deve ser santj Johans brott. No alemão moderno,  Johanisbrotbaum é a alfarrobeira, também chamada na nossa língua «Pão-de-São-João». Este nome vem do Novo Testamento, Mateus 3:4, onde João Batista subsiste com alfarrobas e mel.

Não fica claro se o mel é para deitar por cima do pão e comer, ou se vai incluído na cozedura do mesmo. Eu suspeito que a primeira ideia é a boa, porque mantém as qualidades do mel (que degrada ao cozer) e porque é um [pequeno-]almoço mais natural… Mas, para levar por fora da casa e dar de comer a gente numa instalação desportiva, achei mais eficiente (e menos peganhento) incluir o pão na massa.

Clarificado qual era o objetivo, procurei nas redes por «carob bread» e variantes, sem muito sucesso nem para receitas modernas, nem para históricas. Depois procurei por variantes de «johans brott», e aí dei com este artigo da Fechtfabrik que explora este mesmo tema para chegar às mesmas conclusões que eu: não existem receitas medievais de pão de alfarroba. Porém, nele sinalam que em partes da península ibérica ainda se cozinha este tipo de pães. Ao reparar nisto procurei por «pão de alfarroba» e «pan de algarroba» e, efectivamente, apareceram várias dúzias de receitas atuais. Até em Nestlé.

Eliminei destas fórmulas todos os ingredientes que não existiriam na altura para Talhoffer. O resultado foi uma receita muito singela, mas que requer uns poucos comentários:

Receita do Pão de Talhoffer

Pão de Talhoffer no encontro de HEMA Torre de Hércules 2022.

Ingredientes. É tudo aproximado e podes variar as proporções dependendo do resultado que procures:

  • 2 kg de farinha de trigo
  • 750 g de farinha de alfarroba1
  • 16 g de fermento de padeiro
  • 9 g de sal
  • 1 litro de mel
  • 150 ml de água morna*

* A água seguramente será mais, mas é melhor acrescentar depois se a massa fica muito dura.

Método:

  • Na água morna, ativar o fermento de padeiro e somar parte do mel, para alimentá-lo. Deixar 5 minutos até que faça um pouco de espuma (mostra de que está vivo).
  • Por enquanto, misturar a farinha de trigo e a de alfarroba e, uma vez o fermento esteja ativo, acrescentar a farinha ao líquido. Somar igualmente o mel, o sal, remexer e adicionar água se for preciso para obter a textura desejada.2
  • Uma vez bem misturado tudo, deixa descansar um par de horas. Vai levedar um pouco, mas não vai dobrar o tamanho, nem nada que se lhe assemelhe. Novamente, a alfarroba interfere com a farinha de trigo.
  • Pré-aquecer o forno a 180 °C durante 10 minutos.
  • Forrar umas formas com papel de forno (o bolo é muito peganhento) e emborcar a massa nelas. Deixa margem, pois vai crescer no forno.
  • Eu espolvilho por acima um pouco de farinha de trigo porque gosto do contraste do branco dela com o escuro da massa (ver foto), mas obviamente não é necessário.
  • Cozer durante meia hora, ou até que espetando uma faca ou pauzinho no meio, saia limpo.
  • Deixar arrefecer fora do forno, tirar das formas e comer.

Dura mesmo 4 dias ao ar livre, mesmo a temperaturas >30 graus, como verificamos no encontro Torre de Hércules. Com melhor conservação (no inverno, na casa, cobrindo para não secar) consegui fazer durar uma semana inteira, e continuava comestível.

 

nek-gris-100x100

 

 

Sobre a Conquista da Vitória (1)

→ Este texto é parte do tratado sobre onomancia (magia com nomes) escrito por Johannes Hartlieb — médico, poeta, sacerdote e em aparência ocultista também — na primeira metade do S.XV. Hartlieb era amigo ou conhecido de Hans Talhoffer (o suficiente para o ajudar em pleitos, polo menos), e as suas receitas magicas deviam ter credibilidade como para que este último as incluísse no seu próprio manuscrito de 1448. No futuro tentarei publicar o resto do tratado sob o tag de #magia.

O interesse deste material que aparece associado aos manuais de artes marciais é duplo: por uma parte ajuda a compreender a cultura (especialmente a marcial) da altura. Por outra, coloca em questão a credibilidade que devemos dar a autores que tanto receitavam técnicas para o uso com espada como métodos infalíveis para ganhar se conheces o nome da tua oponente.

Sobre a Conquista1 da Vitória (1):
os nomes das Irmandades da Nossa Senhora e de São Jorge

por Johannes Hartlieb,
em tradução de Diniz Cabreira.

Em primeiro lugar, devemos observar que toda a Arte de Vencer depende do dia que pertence a quem combate determinado polo nome que leva.

Deves saber que quase todos os grandes mestres costumam categorizar os nomes em duas listas: a primeira contém os nomes consagrados à Nossa Senhora, a Virgem Maria; a outra a São Jorge. De modo que todos os nomes pertencentes a Nossa Senhora, ou seja, que estão na lista dela, são chamados Irmandade da Nossa Senhora, e aqueles no grupo consagrado a São Jorge, são chamados Irmandade de São Jorge.

Além disso, deves saber que todos os nomes que pertencem à Irmandade da Nossa Senhora obtêm vitória completa três dias de cada semana e domingo à tarde. Da mesma forma, a Irmandade de São Jorge obtêm a vitória completa três dias de cada semana e no domingo de manhã (antes do meio-dia).

  • Terça, quinta e sábado e a tarde do domingo são da Irmandade da Nossa Senhora.
  • As segundas, quartas, sextas e antes do meio-dia do domingo pertencem à Irmandade de São Jorge.

Agora atende a isto: se vás desafiar alguém e tens vontade de levar o combate a sério,2 deves ante todo ter a certeza de fazeres isto no teu próprio dia, e ter também a certeza de que quem escreva a carta de desafio esteja na tua Irmandade, e também a pessoa a fazer a entrega da mesma — que seja o dia de todas essas pessoas. Se fizeres isso, não há dúvida de que a vitória e a vantagem serão para ti. Mas deves ter cuidado em não te confundir de dia, ou deixá-lo passar.

Deves também observar que se desafias a tua Irmã ou Irmão em Nome num dia que pertença a ambas partes, será a quem provoca quem terá a vantagem. Mas se uma das duas pessoas quer obcecadamente arriscar-se a lutar contra a sua Irmã, deve escolher os dias que não lhe pertencem.

Por exemplo, se fores da Irmandade de São Jorge e quisesses combater contra outra Irmã de São Jorge, deves começar os preliminares num dia que pertença à Irmandade da Nossa Senhora: terça, quinta ou sábado, e no mesmo dia deves enviar a mensagem ou respondê-la.

O mesmo se aplica à Irmandade da Nossa Senhora, que deverá escolher dias pertencentes à Irmandade de São Jorge.

Adverte que deves guardar-te da alteração de um desafio ou resposta, pois do teu desafio pode resultar que a outra parte decida responder, e o mesmo cálculo pode ser feito ao contrário, e se evitas isso evitarás também grandes males.

Sabe também que quem desafia e quem defende devem esperar para que o desafio ou a resposta aconteçam no seu dia, após o que podem fazer o que quiserem.

Sabido é que quem combate num dia que não é o seu, inevitavelmente terá mal fado. No entanto, quando combatem duas pessoas Irmãs de Nome num dia que não for o seu, vencerá quem emitiu o desafio, mas no caso contrário, a desafiante será derrotada.

Se desejas saber, quando duas pessoas forem combater, quem receberá ferida e em quê parte do corpo, deves atender ao seguinte:

Se quem cobiça a vitória combate contra uma pessoa Irmã no Nome num dos seus dias, não vencerá: a desafiante será ferida, ainda que a vitória lhe correspondesse.

Se o combate é antes do meio-dia, a ferida será da cintura para cima. Se o combate é na tarde, a ferida será de cintura para baixo.

Se queres saber que extremidade vai ser ferida — é um bom dado que revelar à gente — deves fazer o seguinte:

Sabe que nas artes cabalísticas cada dia vem dividido em doze horas. Destas doze, seis são na manhã e seis na tarde.

Quer o dia seja curto ou longo, devemos dividi-lo imediatamente desde a primeira hora em que o sol nasce até o pôr do sol.

Presta atenção: nas horas ímpares as feridas serão no lado direito, e nas horas pares, no lado esquerdo.

Deste modo, se alguém combate a primeira hora da manhã, receberá ferida no lado direito da cabeça ou pescoço, mas se combate na terceira hora da manhã receberá ferida no lado direito do peito ou do braço. Se combate na quinta hora, receberá ferida na cintura direita.3

Se combate na segunda hora, receberá ferida no lado esquerdo da cabeça ou pescoço; se combate na quarta hora, receberá ferida no lado esquerdo do peito e no braço esquerdo; mas se combate na sexta hora, vai receber ferida do lado esquerda, na cintura.

Se combate na primeira hora da tarde, receberá ferida do lado direito no quadril, sobre a coxa; se combate na terceira hora, receberá ferida na coxa do lado direito, sobre o joelho. Se combate na quinta hora, a ferida será na perna direita, por baixo do joelho.

Se combate a segunda hora da tarde, receberá ferida do lado esquerdo, próximo ao quadril; se combate na quarta hora, receberá ferida na coxa esquerda, acima do joelho; se combate na sexta hora, receberá ferida na perna esquerda, por baixo do joelho.

Devemos também deixar claro que pode acontecer que alguém receba ferida em vários lugares. Isso acontece quando o combate dura muitas horas consecutivas. É algo a ter presente.

Agora vou indicar os nomes da Irmandade da Nossa Senhora e da Irmandade de São Jorge.4

Primeiro aqui estão os nomes da Nossa Senhora:

Herman Arnt Sebalt
Friderich Matheus Wasilius
Fritz Rudiger Thomas
Gerhart frantz Reuelant
Cunhart Seÿfridt Elberwein
Gebhart Rudolff Parcziual
Sem Rupprecht Gerlach
Niclas Gotschalck Cristoffel
Heinrich Engelhart Marcius
Peter Caspar Adam
Paulus Ernst Erenfrid
Hemeran Erbwein Lutolff
Meinhart Vincencius Martinus
Ott Laürencius Herwick
Wolffram Magnus Hartman
Arnolt Hylbrant Genewein
Dÿtrich Moralt franciscus
Matheis Dytmar Reinhart
Anthonius Wÿlpold Neythart
Michel
Wÿckman

Aqui está a Irmandade de São Jorge:

Hanns Valbrecht Walthazar
Endres Gotfridt Wilhart
Jacob Deinhart Wenlant
Karll Herwart Alhart
Vlricus Clemens Absolon
Papp Gothart Lucas
Albrecht Ambrosius Glyttur
Lewpolt Arclein Harig
Jorge Reichwein Harttüng
Eberhart Gregory Melchior
Gernhart Wenczla Heÿdolff
Gernolt Lamprecht Werniger
Perchtolt Hambald Stephan
Bartholomes Gümprecht Eckhart
Reynhart Neÿdüng Lutz
Brawn Reichart Appel
Ludwig Sindeman Pürckhart
Cristan Linhart Eraßm
Hunold Gößwein Sigmund
Philippus Wolff Augustinus
Engelbrecht Freÿdang Rempercht
Symon

Esta é a Arte Verdadeira e os nomes exatos da Irmandade da Nossa Senhora e da Irmandade de São Jorge, e quem por ela se guie, com certeza não conhecerá a derrota.

 

nek-gris-100x100

 

 

Preparativos para um duelo, por Talhoffer (2)

Hans Talhoffer (1410/15 — 1482+) foi, entre outras cousas, mestre da arte do combate para nobres que se viram na obriga de se bater em duelo.

«Aqui o Mestre Hans Talhoffer» — MS_Thott.290.2º_101vNão temos certeza do seu vínculo com a tradição de Liechtenauer. Há algumas lições semelhantes, mas muitas discordantes, e está ausente o que carateriza aos discípulos do Alto Mestre: a Zettel comentada. Por contra, Talhoffer escreveu a sua própria Zettel, com alguns versos semelhantes e muitos diferentes. Isto pudera ser indicativo de plágio ou, mais provavelmente, que ambos mestres beberam duma tradição comum.

Os tratados de Talhoffer são geralmente muito gráficos, com pouco texto, e têm o propósito explícito de serem referências técnicas para os seus estudantes, mas também é evidente que pretendem reforçar e assentar a necessidade do seu ofício. As partes textuais, porém, oferecem uma interessantíssima visão a respeito do duelo, e de como alguém que ganhava a vida com ele transmitia essa cultura ao seu estudantado.

Podes consultar mais fragmentos traduzidos da sua obra neste blogue, sob o tag Talhoffer.

Para trunfares no combate:
move-te,1 não descanses2.
Luta se a luta é precisa
e ri se é preciso rir3.
Confia na Arte da Espada
que Talhoffer ensinava,
e não te levem a engano
lições de mestres estranhos.4 5

Eis o segredo da Arte Verdadeira segundo os mestres, em forma fácil de entender, e deve ser guardada com zelo, e é proveitosa, e fica aqui exposta em bom fundamento.6

Quando queiras combater pola vida7 com alguém, deves em primeiro lugar arranjar sítio e data. Depois, equipa-te com quanto material vaias necessitar, e deves fazer isto pessoalmente, e em secreto — não fies em ninguém o que vás fazer, ou quais são as tuas intenções, porque o mundo está cheio de falsidade —, e deves prover-te dumas boas luvas,8 espada e perponto, calças e qualquer outra cousa que pretendas usar. E observa bem que este equipamento seja confortável e adequado, e que atenda à tua preferência,  porque a espada não atende a outra razão que ela mesma, e quer ser livre.9

Quando chegues ao lugar do duelo10 e queiras começar, deixa que a outra parte diga e faça quanta cousa queira, e não afastes a tua vista dela,11 e concentra-te,12 e diga o que diga, não te deixes provocar, e combate com zelo13 pola própria vida, e não lhe permitas descanso, e segue e confia na Arte.14

Não temas os seus ataques e, se te combate a sério, lembra o Zucken para burlar-lhos.15

Hans Talhoffer, homem honrado,16 pode dar fé da verdade disto, porque muitas vezes se viu nesta mesma situação.

—Talhoffer, MS Thott.290.2º, S.XV,
em livre tradução de Diniz Cabreira.

 

 

nek-gris-100x100

 

Preparativos para um duelo, por Talhoffer (1)

Hans Talhoffer (1410/15 — 1482+) foi, entre outras cousas, mestre da arte do combate para nobres que se viram na obriga de se bater em duelo.

«Aqui o Mestre Hans Talhoffer» — MS_Thott.290.2º_101vNão temos certeza do seu vínculo com a tradição de Liechtenauer. Há algumas lições semelhantes, mas muitas discordantes, e está ausente o que carateriza aos discípulos do Alto Mestre: a Zettel comentada. Por contra, Talhoffer escreveu a sua própria Zettel, com alguns versos semelhantes e muitos diferentes. Isto pudera ser indicativo de plágio ou, mais provavelmente, que ambos mestres beberam duma tradição comum.

Os tratados de Talhoffer são geralmente muito gráficos, com pouco texto, e têm o propósito explícito de serem referências técnicas para os seus estudantes, mas também é evidente que pretendem reforçar e assentar a necessidade do seu ofício. As partes textuais, porém, oferecem uma interessantíssima visão a respeito do duelo, e de como alguém que ganhava a vida com ele transmitia essa cultura ao seu estudantado.

Podes consultar mais fragmentos traduzidos da sua obra neste blogue, sob o tag Talhoffer.

Se és nobre e te vês na obriga de te bater em duelo, deves contratar um mestre que te prepare para o combate. Deves fazer que o mestre jure ensina fielmente a sua arte, e que não vai partilhar com outras pessoas os secretos que a ti ensine.

Deves ter cautela e não cair num excesso de confiança que te leve a fachendear1 por aí dos teus secretos, para evitar traições.2

Deves acordar cedo todos os dias, ir à missa, voltar à casa e almoçar3 um pedaço de pão feito de mel e alfarrobas,4 treinar esforçadamente durante duas horas, comer pouca graxa,5 praticar duas horas mais na tarde e à noite cear6 um pedaço de pão de centeio molhado em água fresca porque melhora o folgo e alarga o peito.7

E chegado o momento do duelo, deves ir até à cidade que melhor aches, e solicitar acolhimento e proteção, e escolta para ti e a gente que te acompanhe.

E o teu mestre deve levar-te até um lugar recolhido, onde te ajoelharás e pedirás a Deus a graça de ter fortuna e vitória.

—Talhoffer, Königsegg Fechtbuch, S.XV,
em livre tradução de Diniz Cabreira.

 

nek-gris-100x100

 

Recursos

A Zettel de Talhoffer

→ O Königsegg Fechtbuch é um dos vários textos a recolher ensinamentos de Hans Talhoffer. Na forma habitual deste mestre, trata-se dum conjunto de imagens com textos muito breves ou sem eles, mas en duas páginas do princípio traz várias reflexões acerca das cautelas que deve tomar a pessoa que se vai bater em duelo, e também um poema, que aqui reproduzimos.

Um dos pontos interessantes deste poema (além do conteúdo) é o seu início que remete à famosa Zettel de Johannes Liechtenauer. Pudera ser que Talhoffer estivesse iniciado na Arte de Liechtenauer, ou bem que este para compor o seu poema tirasse duma estrutura popular na época, ou mesmo duma tradição existente de poemas mnemotécnicos para ensinar a combater. Isto seria compatível com a visão que presenta o 3227a dum Johannes que «viajou e pesquisou por muitas terras, pois queria aprender a Arte», mas que «não inventou o que aqui está escrito, que já existia há centos de anos».

[A imagem de cabeçalho tem propósito meramente ilustrativo e provém do MS Thott.290.2º, não do Königsegg, porque queria algo a mostrar texto.]

Jovem, aprende
a amar justiça e gente.1

Como corresponde, tem coragem
e guarda-te de que te enganem.2

Ambiciona a inteireza
e esforça-te com dureza
na prática cavaleiresca:

Lança e move pedras,
aprende dança e salta,
luta sem armas,
combate com elas3,
rompe lanças nos torneios
e procura amores belos.4

Para combater necessitas,
como para viver, alegria.
Não aprenderás com medo
da Arte nenhum segredo.5

Deves mostrar coragem
contra quem te ataque.

Para honrar a tua dignidade
leva em bandeira a verdade.6

Desconfia do mal da gente
que a lealdade não entende.

Isto que digo é guia
para militar na justiça.7

Se recebes conselhos, aviso:
considera-os com tino
para poderes dizer
se farão mais mal que bem.8

Talhoffer insiste nisto,
os verdadeiros princípios:

Deves observar-te,
para lutar ou combater.9

Lembra os secretos da Arte;
não acredites em qualquer.

Como um urso põe-te
sem saltar perto e longe.10

A tua força usa
sempre na medida justa.

Estuda com esmero
e olha para este texto
com suficiente frequência,
para servir de referência.

E a partir deste ponto vai aprender Leutold von Königsegg a arte de Combater de mão de Hans Tafhoffer.

—Talhoffer, Königsegg Fechtbuch, S.XV,
em livre tradução de Diniz Cabreira.

 

nek-gris-100x100

 

 

Conduta nas escolas de esgrima segundo Christoff Rösener

→ O poema «O Conto da Esgrima» («Bericht vom Fechten»), de 1579, narra longamente uma conversa entre o narrador e um estudante de esgrima que vai caminho de Frankfurt para tomar o exame de Mestre da Espada de mão dos Marxbrüder.

Ao longo do poema o estudante conta a história da Arte — presentada como criação de Hércules no monte Olimpo —, aperfeiçoada polo Império Romano e os povos germânicos e, em certa forma, domesticada através dos séculos para afastá-la das carniçarias do campo da batalha e virá-la uma atividade nobre e aceitável socialmente, até culminar nas Fechtschüle — os encontros lúdicos e competitivos burgueses do século XVI. Fala no processo da história dos Marxbrüder, e mais dos seus rivais os Federfechter, e dá uma mostra bem interessante da rivalidade que existia entre ambos (o narrador proclama, num ponto, que vai «dar cuteladas até fazer cair as penas» do esgrimista Federfechter, e depois «varrer o chão com ele»).

O Poema é longo e, além da história e dos conflitos entre grémios, lista também várias técnicas duma versão serôdia da tradição de Liechtenauer. Contra o final do poema descreve as normas de comportamento que se aguardam de quem estuda e pratica a Arte. Achei esta parte interessante por quanto adianta alguns pontos de segurança que ainda aplicamos hoje (não levar nenhum fecho nem peça de metal no equipamento defensivo, por exemplo) e destaca uma atitude de respeito na escola não muito diferente do Código de Conduta que usamos na Arte do Combate:

AS NORMAS DA ESCOLA
Fragmento do poema
O CONTO DA ESGRIMA
por Christoff Rösener, 1579;
em livre tradução de Diniz Cabreira, 2021.

A vergonha maior na esgrima
é estudar sem disciplina:
Deves treinar o que sabes
e ir às aulas com vontade.

Saúda estudantes e mestre
e, nos torneios da escola,
não convides estranha gente.
Devem passar a prova:
três assaltos contra o mestre.
E depois, que o torneio comece!

Sem metal nenhum na roupa,
nem adaga na cadeira,
com cabeça descoberta.

Não deixes cair a arma, segura nela!
Nem caias ti tampouco: sempre alerta!

E não andes a bater às toas.
Conduz-te com boas formas:
não deves fazer burlas.

Fica proibido nos treinos
atacar até fazer sangue
no momento do combate.

Se virem visitantes
deves mostrar respeito
e não fazer desprezo.
Por contra, um par de assaltos
combate polo loureiro.

Vem! Junta-te à dança logo!
Sente a admiração do povo
por mestres e estudantes!

Se as normas não aceitas
afasta-te da Fechtschule,
estudantes, e escola inteira!

Não merecemos pior companhia
da que estas lições ensinam:
que a Arte seja orgulho e honra!

E chego ao final, cumprido o dever
de explicar estas normas.

— Christoff Rösener,
Mestre da Espada, 1579.

 

nek-gris-100x100

 

Regulamento de Esgrima da Cidade Velha de Praga, 1597

→ Esta é uma versão autorizada dum artigo de Ondřej Vodička titulado 1597, Fencers’ Ordinance of the Old Town of Prague, traduzido por Diniz Cabreira (2021). Entre colchetes [] vão anotações à tradução do texto original feitas por Ondřej, e com números e em notas ao pé clarificações e comentários pola minha parte.

No 28 de julho de 1597, o concelho da Cidade Velha de Praga promulgou o Regulamento dos Esgrimistas a fim de impor a disciplina nos torneios de esgrima (Fechtschule) e controlar os esgrimistas domésticos e errantes.

Realizar um torneio de esgrima na Cidade Velha tradicionalmente era responsabilidade e direito do grémio dos cuteleiros. No entanto, este costume provavelmente estava em declínio desde que o grémio dos Federfechter de Praga surgiu nos anos setenta do século XVI. Os membros desta irmandade combatiam principalmente com espada roupeira, e para ganhar o título de «mestre da espada longa» deviam combater contra um membro da famosa irmandade de São Marcos (Marxbrüder) com sé em Frankfurt, que recebera o monopólio imperial sobre a distribuição destes títulos.

O documento original não sobreviveu. No entanto, o texto foi copiado num dos livros administrativos do concelho da Cidade Velha. O livro foi chamado Kniha pořádkův [O Livro dos Regulamentos] e incorporou cópias de normas selecionadas datadas entre 1476 – 1715. O Livro dos Regulamentos foi infelizmente queimado durante o bombardeio de Praga em 8 de maio de 1945. O texto deste regulamento sobreviveu apenas como um apêndice da publicação Pražští šermíři a mistři šermu [Esgrimistas e mestres de esgrima de Praga] de 1927, da autoria dum esgrimista e historiador de esgrima Jaroslav Tuček (1882 – ca. 1940?).

Vista de Praga por Václav Hollar em 1636.
Original na Galeria Nacional Checa de Praga. Esta cópia da Wikimedia Commons.

Tradução seletiva

O concelho da Cidade Velha de Praga declara e decide que:

1) Existem preguiçosos vindo de outros lugares para Praga, que pretendem organizar torneios de esgrima e ficar ociosos, visitar pousadas e passear à noite. Isso causa muitos escândalos, brigas, feridas e assassinatos.

2) Organizar torneios de esgrima sempre esteve no poder do grémio dos cuteleiros para promover a bravura e uma esgrima viril.

3) O torneio de esgrima foi estabelecido para que os cuteleiros, que vivem uma vida honrada e humilde, possam melhorar as suas habilidades na esgrima.

4) Os esgrimistas mais velhos, eleitos para governar a sociedade de esgrima, devem ser burgueses ou habitantes de longa data da Cidade Velha de Praga e comportar-se com decência.

5) O público dum torneio de esgrima não deve perturbar os esgrimistas.

6) Os esgrimistas que organizam os torneios de esgrima, e em fazendo isso têm poucos rendimentos, devem receber uma quantia justa de dinheiro da taxa cobrada por participar no torneio, para estarem mais dispostos a organizá-lo.

7) Todo esgrimista, seja Federfechter ou Marxbruder, e especialmente os membros dos grémios, que não são preguiçosos, devem ser inscritos num registo especial.

8) Federfechter e Marxbrüder devem juntar-se para organizar um torneio de esgrima todos os domingos e dias feriados.

9) Quem quiser organizar um torneio de esgrima deve perguntar com antecedência aos cuteleiros mais velhos, para poderem acompanhar e endossá-lo perante o Concelho.

10) Atenção especial deve ser dada à reputação do organizador de um torneio de esgrima, para que não seja nem um preguiçoso, nem um causador de problemas, mas um artesão decente.

11) Se houver um desocupado querendo participar de um torneio de esgrima com o propósito apenas de se exibir [«agir como um pavão»] e ganhar dinheiro e viver disso, essa pessoa não deve  ser permitida de fazer parte do torneio.

12) Um torneio de esgrima requer as armas usuais de madeira, como Dussacks, bastões e alabardas, bem como as armas de aço, como espadas1 e roupeiras. Estas armas devem ser mantidas prontas em número suficiente polo grémio dos cuteleiros, com obriga de emprestá-las a quem organize um torneio de esgrima. Se uma arma for danificada ou quebrada durante o torneio, os cuteleiros farão uma nova.

13) Por esse motivo, qualquer pessoa que organizar um torneio de esgrima deve pagar ao grémio dos cuteleiros a taxa indicada de sessenta de Meissner groschen.2 No caso de quebra de uma espada ou roupeira durante o torneio, o organizador paga ao grémio mais trinta kreuzers por fazer uma nova espada e vinte por uma roupeira, porém não há tal pagamento se quebrar uma arma de madeira.

14) Geralmente as pessoas que atendem o torneio são boas e honestas, e até mesmo nobres. É estritamente proibido ao público entrar no meio dos duelos, pois, por ignorar esta regra, muitas pessoas foram feridas ou ficaram cegas. Se alguém infringir esta regra e tiver formação em esgrima, terá proibido participar em torneios por um tempo; se não souber esgrima, essa pessoa será levada perante o Concelho e punida por este.

15) «Há esgrimistas covardes a usarem luvas longas até o côvado, em contra das antigas tradições. Isto fica desde este momento proibido. Quem participar no torneio deve levar luvas a cobrir apenas a mão, para que ninguém descanse a sua esgrima em luvas longas até o côvado.3

16) Ninguém deve ter permissão para participar de um torneio a menos que tenha recebido instrução adequada em esgrima.

17) Quando os esgrimistas fecham a distância não devem se lançar uns contra os outros com raiva, mas devem combater «limpa e longamente» conforme a tradição, sem importar a arma que empunhem.

18) Mestres e estudantes devem agir com solenidade e respeito durante o torneio, sem fazer parvadas4 como sacudir a cabeça ou botar a língua fora.

19) Mestres e estudantes de esgrima devem ficar afastados durante o torneio, Marxbrüder de um lado e Federfechter do lado oposto, para que as pessoas os reconheçam facilmente. Não devem obstruir nem «ficar juntos como gansos» no campo de duelo e, assim, bloquear a visão.

20) Todo esgrimista é obrigado a iniciar o duelo conforme a tradição, ao contrário do labrego, que corre loucamente em busca de uma arma, agarra-a e quer bater com ela como um boi estúpido.

21) Ninguém não autorizado e que não for combater deve entrar no campo de duelo, obstruir os esgrimistas, dar sermões ou se colocar entre eles. Tal comportamento será castigado a golpes.

22) Acontece também que labregos e jornaleiros assobiam e gritam para os esgrimistas, como se fossem uns tolos. Tal comportamento será castigado pelo organizador, seja com prisão ou a golpes.

23) Há esgrimistas que não querem combater no torneio, exceto se é em troca dum prémio em dinheiro. Esta gente tende a berrar a nobres e burgueses, incitando-os a pagar um dinheiro polo qual deveriam lutar. No entanto, o torneio não foi estabelecido como meio de ganhar dinheiro, mas como um exercício para a mocidade. Qualquer esgrimista deve ser punido a partir de agora com uma multa por tal comportamento.

24) No entanto, é possível combater por um prémio em dinheiro, sempre que haja alguém entre o público com vontade de oferecê-lo livremente. Esse dinheiro deve ser entregue ao organizador para que posteriormente possa premiar o vencedor do duelo. O espectador que oferece o dinheiro pode escolher ele mesmo os dous esgrimistas que lutam polo prémio.

25) Esses dous combatentes não devem lançar-se um contra outro como plebeus, como se quisessem matar a outra pessoa no sítio, senão que devem agir segundo a arte própria do torneio de esgrima.

26) Também devem passar por todos os três assaltos e não terminar o duelo após o primeiro golpe quando o sangue aparecer, saindo o ganhador a correr polo dinheiro. O outro pode ter sucesso no segundo turno com um «acerto maior», pois o acerto maior é sempre mais válido do que o menor. Os combatentes devem passar por todos os três assaltos sem nenhum acordo secreto.

27) Quem combate polo prémio em dinheiro sob acordo secreto será punido com prisão e o prémio em dinheiro será confiscado pelo organizador.

28) Se um esgrimista está bêbado e o outro sóbrio, o bêbado não poderá esgrimir, pois a esgrima bêbada causa graves feridas.

29) Ninguém deve receber tratamento de mestre de esgrima e permissão para organizar um torneio, a menos que aprenda a esgrimir corretamente com cada uma das armas. Por esta razão, qualquer mestre de esgrima que organize um torneio deve resistir a um duelo até o primeiro sangue com cada uma das armas.

30) Se chover, o torneio será adiado para que o organizador não perca. O dinheiro já arrecadado deve ser usado para o bem comum.

31) Se o torneio for no domingo, deve começar na primeira hora da tarde5 e não no final da tarde, quando muitos esgrimistas já estão bêbados. Este «teatro» também pode tentar as pessoas a não irem à igreja, razão pela qual o torneio deve terminar antes das vésperas.6

32) Se um torneio for realizado numa casa, o proprietário receberá um Groschen por pessoa e deve garantir lugares adequados para sentar ou ficar em pé conforme a posição social de cada quem.

33) Também deve haver uma cerca construída ao redor do campo de duelo, para que ninguém não autorizado entre ali. Senhores e cavaleiros deveriam observar o torneio desde uma varanda.

34) Deve-se erguer uma estaca perto da cerca e uma pequena pá pendurada dela. Se alguém entrar na cerca sem autorização ou se comportar mal, levará três golpes dessa pá. Qualquer pessoa escolhida pelos anciãos ou pelo organizador do torneio para proceder ao castigo deve colaborar.

A edição em texto completo (checo) deste decreto pode ser encontrada em Jaroslav TUČEK: Pražští šermíři a mistři šermu [Esgrimistas e mestres de esgrima de Praga], Praha 1927, p. 79–94.

 

nek-gris-100x100

 

Referências

Artigo original: