Vai aí uma semana do «Retorno a la Espada» que a gente da Palestra Pedro Monte, dirigida por Pedro Velasco, organiza — e já passou a ressaca pós-evento e é hora de recapitular.
Este ano foi um encontro bastante íntimo, a reunir instrutores e salas com uma perspetiva comum das HEMA. Os instrutores foram Iacopo Zanini, Pedro Velasco e Esko Ronimus e os workshops tiveram, ademais, um fio condutor muito interessante: a evolução da biomecânica nas escolas itálicas de esgrima ao longo do S.XV.
Começou o encontro com umas conferências contextualizantes na sexta-feira, por cada um dos instrutores. Depois, ao longo da manhã e tarde do sábado e manhã do domingo, apresentaram-nos em forma prática a sua compreensão de como Fiore Furlano, Pietro Monte e Philippo Vadi compreendiam técnicas comparáveis.
O interessante do assunto foi o foco colocado na evolução das espadas nesse período: das armas de menos de 120 cm de Fiore, às «espadas muito longas» de Monte (~140cm), até os spadoncinos de Vadi (já chegando quase ao tamanho do montante). Ao analisar a forma em que autores relativamente próximos no espaço e no tempo as utilizaram, pudemos ver como as mudanças de peso e tamanho em cada ferramenta obrigam a adaptar postura, movimento e manuseio.
Obviamente as jornadas completaram-se com abundância de assaltos livres. Não sempre é fácil encontrar espaços nos que fazer uma esgrima técnica e segura como a que trabalha a gente da Palestra Pedro Monte, e por isso extenuamos as possibilidades de o fazer aqui.
Como o encontro decorreu no próprio espaço da Palestra, em todo momento tivemos todo o tipo de brinquedos disponíveis. Além disto, notava-se a gente da escola descontraída e confortável — como se estiverem na sua própria casa, que era em efeito o que acontecia.
Este ambiente de tranquilidade, comunidade e familiaridade é algo que eu pessoalmente valoro muitíssimo de partilhar tempo com os nossos camaradas de Granada. O seu projeto técnico é muito interessante — mas o projeto humano que o sustenta é um autêntico fito no mundo das HEMA. Esta equipa não tem medo de se envolver socialmente e construir comunidade — e isto não tem preço.
Venham muitos mais anos, companheiros.