«Cauda do meu elmo de bisso ourivi…»

«Hoje aprendi…»

…Que o bisso, ou «seda do mar», é um tecido antigo semelhante a um linho muito fino ou seda fabricado com as barbas dos moluscos, e que se for tratado devidamente com especiarias e suco de limão, brilha dourado ao sol.

Segundo Álvaro Cunqueiro, os cavaleiros galegos faziam as penas dos bascinetes dele:

O freixo está teste prá lança lavrar,
e o palafrém1 teixo venho de ferrar!

» Se ao maio vás2,
farás-me chorar…»

Cauda do meu elmo de bisso ouriví3:
o ar do maio nasceu para ti!

» Se ao maio vás,
farás-me chorar…»

Senhores farfãs4 da boa ventura!
Ameaça-nos Deus na cavalgadura!

» Se ao maio vás,
farás-me chorar!
O linho alvar5 não espadarei6,
de fio de sangue panos tecerei!»

— Cunqueiro,
em Dona do Corpo Delgado.

Referências

 

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Crónica: «Tertúlia Galego-Portuguesa 2023»

Nesta passada fim de semana (e estamos a ter umas semanas ativas) tivemos o prazer de hospedar a Tertúlia Galego-Portuguesa de Artes Marciais Históricas — um encontro entre grupos atlânticos que vem já desde 2015.

Participaram a Academia de Esgrima Histórica (Lisboa), a Academia da Espada (Corunha) e a Arte do Combate (Compostela), juntando um total de 25 – 30 pessoas para dous dias de convívio e partilha de impressões e conhecimentos teóricos e práticos.

Começamos o sábado com uma aula de montante segundo Godinho ministrada por Xosé Castro…

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…a que seguiu uma introdução à spada a due mani de Marozzo por Eduardo Varela…

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…e outra à luta corpo a corpo — abrazzare — de Fiore Furlano, dirigida por Filipe Martins.

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Finalizamos a jornada visitando as duplas espadas (por Xosé)…

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…e a rodela (por Edu) de Godinho, com assaltos livres a continuação.

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Na tardinha e noite fomos fazer uma ceia de convívio, e dar um passeio por alguns dos pontos medievais, barrocos e mais contemporâneos da cidade.

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O domingo de manhã ocupou-se com uma introdução aos aspetos mais caraterísticos da espada longa de Liechtenauer, em interpretação de Diniz Cabreira…

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…e finalizou com o exame de instrutor de João Oliveira, que com precisão e eficiência mostrou os fundamentos da luta com adaga e sem ela segundo Fiore Furlano, bem como outros aspetos mais gerais da arte do mesmo. Parabéns!

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Temos que agradecer ao Nós Diário a cobertura mediática, e a Larpeiría polo suporte gastronómico na forma de sandes de jamom assado.

 

Não pudo faltar o Pão de Talhoffer, que sabemos imprescindível para qualquer treino respeitoso com as palavras dos velhos mestres.

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Em conjunto, achamos a experiência enormemente produtiva e satisfatória, e já ficamos combinados para arranjar o seguinte encontro.

Venham mais!

 

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Crônica: «Retorno a la Espada 2023»

A fim de semana passada, uma pequeninha delegação da AdC tivemos o privilégio de nos chegar até o #retornoalaespada2023 — o encontro de esgrima histórica organizado pola Sala de armas “Pedro del Monte”.

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Temos, em primeiro lugar, que agradecer a enorme generosidade e trabalho que fizeram. O encontro esteve muito bem organizado — cumprindo os tempos previstos, com informação em todo momento a respeito dos lugares e atividades, requerimentos e normas, etc. Mas a organização foi além da profissionalidade, abrindo as portas da que, em verdade, é a sua casa, para morarmos nela durante quatro dias. As comidas, o ócio, os risos e a companhia de Golfa e Monte não têm preço.

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Tampouco tem preço a atmosfera criada e promovida: um espaço inclusivo, explicitamente discriminador das atitudes discriminadoras, gentil e ao tempo informal. Uma atitude progressista e aberta, onde há clara consciência de que estudamos artes perigosas, e a brincar com barras de ferro, e que portanto a prioridade deve ser o cuidado e bem-estar mútuo das pessoas que aí estamos.

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A consequência imediata disto é que a gente da sala Pedro del Monte — e, através dela, toda a visitante também — procura praticar uma esgrima altamente técnica, cuidadosa, conservadora da integridade própria, com movimentos controlados e precisos. Uma beleza de ver. Um estilo que, ademais, permite desenvolver ações delicadas, como certo trabalho corpo a corpo, que doutra forma resultariam perigosas demais; ou trabalhar com um sistema de proteções mínimo, em benefício da destreza (e para alívio do calor, que lá não falta).

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Tivemos oportunidade de gozar desta experiência, em condições privilegiadas, a manhã da sexta feira, off-event, na própria sala física de Pedro e os seus camaradas — e qué sala! Que inveja poder contar com um espaço assim! –, fazendo uma sessão de trabalho e posta em comum, e uns assaltos livres. Já na tarde fomos atender as conferências, das que vou assinalar a de Manuel ValleOrtiz, diretor da AGEA Editora, porque o resto delas foram ministradas polos mesmos nomes que os obradoiros do sábado.

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Já o sábado, metidos nos workshops: a aula do Federico Malagutti – Martial Artist, Fencer, YouTuber resultou uma experiência educativa. Não atendemos, mas falam-nos muito bem do seminário de Gala MolBal — sim fomos testemunhos da destreza (e Destreza) que despregou nos jogos de armas da noite do sábado, resultando imbatível. A exploração da luta desarmada de Pietro Monte, a cargo do nosso anfitrião Pedro Velasco, foi muito interessante: o corpo humano é igual através dos quilómetros e dos séculos, mas as preferências de cada mestre conformam a arte que se desenvolve. E, obviamente, sempre é um prazer ver a nossa camarada Jessica Gomes, da Velha Guarda Marcial, mostrar o seu domínio do nosso patrimonial jogo do pau galego-português.

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Já nem é necessário falar dos impresentáveis Juan Diego Conde Eguileta e Eduardo Varela, da Asociación Ourensá de Esgrima Antiga e da Academia da Espada – Coruña, respetivamente. Fizeram estragos tanto no dia como na noite, tanto brandindo a espada como fazendo twerking. Se isto é motivo para orgulhar-nos por considerá-los amigos, já é matéria de debate. ?

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Foi grato reencontrar velhas amizades que só podemos ver neste tipo de eventos — da Sala de Armas “Fiore dei Líberi” Vitoria-Gasteiz, ou da Asociación de Esgrima Histórica Ciudad de Ávila — e fazer outras novas. Levamos connosco o entusiasmo da delegação da Terra Umbría, ou a cordialidade da gente de El Arte de la Espada. Fica muita gente por listar, é claro, mas nalgum ponto há que parar.

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Em resumo — «Retorno a la Espada 2023» resultou um evento excelente, e está na nossa agenda para voltar. Ao tempo, o trabalho da sala de armas «Pedro del Monte» pareceu-nos extremamente recomendável, e aguardamos partilhar com ela projetos no futuro.

Venham mais!

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P.S.: Quatro inspeções das forças de ocupação espanholas tivemos que passar. Quatro! Só numa delas nos fizeram deter o carro, entregar os documentos e baixar dele. Quando o agente começa a apalpar as sacas e a perguntar «¿Aqui hay armas?», a resposta de «Sólo espadas, señor agente» foi, tristemente, suficiente. Não pudemos evangelizar a palavra de Liechtenauer como gostaríamos…

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Gritos, estética e esgrima

→ Recentemente comentávamos no grupo de Telegram da AdC um fio de conversa do subreddit r/fencing onde se discutem os berros e o ruído nas competições de esgrima olímpica. O estudantado da Arte do Combate pediu a minha opinião ao respeito, e pensei que estava bem resumir aqui também os pontos daquela conversa para futura referência.

Se ledes o fio de Reddit, veredes que a questão dos berros e do ruído na esgrima olímpica causa problemas. Há gente que se satura rapidamente com espaços ruidosos. Um encontro de esgrima (e de HEMA, mais) já gera muito ruído de seu, com o bater das espadas, movimento de pés, etc. Ademais, tendem a ser em pavilhões com muito eco, amplificando o assunto. Se a isso somamos os berros, pois pior.

Além do ruído de seu, os berros têm para mim o problema que envolvem, direta ou indiretamente, a oponente. No melhor dos casos, é um berro de êxtase ou de frustração se consegues ou falhas em fazer o que pretendias. Isso não é exatamente um ataque pessoal, mas alguma pessoa pode ver-se coibida ou limitada se o interpreta assim.

Até certo ponto é responsabilidade de cada quem interpretar bem o que está a suceder (como o é lidar com espaços ruidosos, se a atividade o demanda). Mas, por outra parte, penso que numa atividade de grupo temos a responsabilidade de tentar criar o melhor ambiente possível para a gente com que partilhamos a atividade — e isso, para mim, implica fazer que se senta confortável.

E já no aspeto estético — eu não gosto. Penso que há uma certa dignidade no que fazemos que está bem manter. Está bem reconhecer os tocados da outra pessoa. Está bem rechaçar os nossos se consideramos que não foram de qualidade. Está bem não explorar uma situação que vai além do contexto do assalto — por exemplo, se algum elemento externo distrai a outra pessoa.

Na mesma linha, acho que está bem não berrar, como norma. Igual que o público dum dos nossos assaltos normalmente não berra animando a qualquer uma das partes, penso que as combatentes tampouco devem berrar.

Há exceções, obviamente. Às vezes uma ação é tão espetacular que o público solta uma ovação, ou mesmo aplaude. Às vezes cagamo-la tanto que é inevitável não soltar uma maldição de frustração. Eu penso que isso tudo é normal, e não se passa nada. O elemento chave é a atitude. O que discute o fio que vos passei é a atitude, mais ou menos dominante nalguns setores da esgrima desportiva atual, de que berrar é parte do desporto.

Eu penso — mas já sabedes que penso isto de muitos aspetos do que fazemos — que essa atitude de berrar é intrínseca ao aspeto competitivo, polo menos tal e conforme entendido hoje em dia. Penso que não podemos ter um circuito regular e consolidado, padronizado e com rankings, e onde eventualmente alguma gente até consiga ser profissional… sem ter gente que berre. Os tenistas berram e rompem raquetas. Os futebolistas berram com os árbitros ou outros futebolistas. Os atletas deixam-se cair de joelhos a chorar se perdem… Isso todo é o que vemos na cultura mediática do desporto de competição atual.

Se levamos a esgrima histórica nessa direção — a do desporto de competição de massas — isso é o que vamos obter. Vai ser quase impossível pretender uma cultura estética divergente da hegemónica.

Portanto, e em resumo:

  • penso que berrar (e fazer ruído, em geral) é pouco respeitoso
  • penso que ademais é pouco estético
  • penso que só se pode evitar via cultura e atitude
  • e penso que essa cultura e atitude alternativas não são compatíveis com a direção que a esgrima olímpica tomou, que parte das HEMA parece querer.

Caveat

Que uma gente queira essa cultura de competição, e eu (e outra gente) queira(mos) outra não é exatamente uma dicotomia. Podem existir ambas. É possível ter eventos de HEMA-desporto onde a gente berre e atue como na esgrima olímpica, e é possível ter em paralelo eventos calmados onde a gente foque na diversão, nos aspetos técnicos e em partilhar a experiência em coletivo.

Há espaço para conviver nas diferentes aproximações. Mas é importante que estabeleçamos as expetativas, nas atividades que organizamos, para que as pessoas que a elas atendam saibam como se comportar nelas, e o que podem aguardar.

 

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Pangur Bán

No século IX, um monge irlandês anónimo escreveu, no mosteiro de Reichenau, um poema ao seu gato branco, Pangur Bán, companheiro nas longas e solitárias horas de trabalho sobre textos que, já na altura, eram antigos e de difícil compreensão.

Segue a transcrição do texto original e uma tradução livre da minha mão:

Messe ocus Pangur Bán,
cechtar nathar fria saindan
bíth a menmasam fri seilgg
mu menma céin im saincheirdd.

Caraimse fos ferr cach clú
oc mu lebran leir ingnu
ni foirmtech frimm Pangur Bán
caraid cesin a maccdán.

Orubiam scél cen scís
innar tegdais ar noendís
taithiunn dichrichide clius
ni fristarddam arnáthius.

Gnáth huaraib ar gressaib gal
glenaid luch inna línsam
os mé dufuit im lín chéin
dliged ndoraid cu ndronchéill.

Fuachaidsem fri frega fál
a rosc anglése comlán
fuachimm chein fri fegi fis
mu rosc reil cesu imdis.

Faelidsem cu ndene dul
hinglen luch inna gerchrub
hi tucu cheist ndoraid ndil
os me chene am faelid.

Cia beimmi amin nach ré,
ni derban cách a chele
maith la cechtar nár a dán,
subaigthius a óenurán.

He fesin as choimsid dáu
in muid dungní cach oenláu
du thabairt doraid du glé
for mu mud cein am messe.

Eu, e mais Pangur o Gato,
trabalhamos de modo grato:
ele, ávido, a caçar os ratos;
eu a escrever em livros raros.

Não há gesta de glória vaidosa
maior que a escrita em verso ou prosa —
mas Pangur Bán não tem inveja:
fica contente com caçar a presa.

E passamos horas, sós na casa
absortos cada um na nossa ânsia:
ele, certeiro, em encher o ventre;
eu, ausente, a nutrir a mente.

Às vezes sucede que desafia um rato
as poutas velozes do meu branco gato.
Nas palavras, nos livros, sucede o mesmo
quando não consigo traduzir um termo.

Descansa a olhada, de momento frustrada,
no oco da parede onde o rato escapara.
E da mesma forma passo a noite a bater
contra velhos textos o meu pouco saber.

Que alegria invade o coração do meu gato
quando a presa sai por fim do buraco!
E igual eu me sinto, orgulhoso e listo,
quando um termo difícil revela o sentido.

E desta forma trabalhamos ambos:
com paciência, em companhia, sem sobressaltos,
cada um envorcado por completo na Arte:
ele na sua, eu na minha parte.

A prática virou Pángur Bán mestre
na arte de caçar roedores silvestres.
Eu ganho, passeninho, maior sabedoria
a trabalhar nos meus textos, noite e dia.

Podes ouvir uma versão (moderna) do poema musicado por Pádraigín Ní Uallacháin, do seu álbume Songs of the Scribe. Há também uma pouca (mais não muita) de informação adicional no artigo correspondente da Wikipédia, incluída uma tradução para o inglês.

 

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Armas, Armaduras e Artes Marciais na Guerra das Rosas

A passada quarta-feira, 5 de outubro, o grupo de investigação Discurso e Identidade convidou-me à faculdade de filologia da USC para ministrar uma palestra em volta da vida e morte de Ricardo III de Plantagenet.

Para não perder: a decoração da mesa, proporcionada pola própria faculdade. 😉

Foi algo mais de duas horas de conversa, com bastante interesse e participação por parte do público. Sempre é grato ter a oportunidade de divulgar o conhecimento especializado entre o público geral, mas ainda tem mais valor a oportunidade de trasladar ao mundo académico as possibilidades do nosso campo.

Eis o vídeo da palestra, quase íntegro:

A petição de pessoas do público deixo cá os diapositivos da apresentação que utilizei:

E fotografias, cortesia do público e da organização:

E, finalmente, a lista de vídeos usados como material de apoio para a técnica:

A experiência completou-se na semana seguinte com umas aulas práticas, onde o estudantado pudo experimentar de primeira mão uns movimentos básicos de espada, e ver ao vivo uns combates de demonstração:

 

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Receita: Pão de Talhoffer

Desde que descobri a recomendação de Hans Talhoffer de começar o dia com pão de alfarroba e mel, venho experimentando a cozer bolos com esta fórmula para levar aos eventos de artes marciais históricas a que atendo.

Trata-se duma comida calórica, boa para repor energia ou para compensar uma queda de açúcar. O mel adoça bastante a massa, e a alfarroba dá uma cor interessante, uma textura mais densa e deixa um sabor de fundo que lembra bastante o chocolate, sem chegar a ser.

No último (o Torre de Hércules do 2022) o pão teve enorme sucesso, e várias pessoas pediram-me a receita, de modo que fique este artigo como referência. Hei atualizar no futuro se descobrir mais informação.

Criação da receita

Talhoffer fala de que a primeira comida do dia deve ser santj Johans brott. No alemão moderno,  Johanisbrotbaum é a alfarrobeira, também chamada na nossa língua «Pão-de-São-João». Este nome vem do Novo Testamento, Mateus 3:4, onde João Batista subsiste com alfarrobas e mel.

Não fica claro se o mel é para deitar por cima do pão e comer, ou se vai incluído na cozedura do mesmo. Eu suspeito que a primeira ideia é a boa, porque mantém as qualidades do mel (que degrada ao cozer) e porque é um [pequeno-]almoço mais natural… Mas, para levar por fora da casa e dar de comer a gente numa instalação desportiva, achei mais eficiente (e menos peganhento) incluir o pão na massa.

Clarificado qual era o objetivo, procurei nas redes por «carob bread» e variantes, sem muito sucesso nem para receitas modernas, nem para históricas. Depois procurei por variantes de «johans brott», e aí dei com este artigo da Fechtfabrik que explora este mesmo tema para chegar às mesmas conclusões que eu: não existem receitas medievais de pão de alfarroba. Porém, nele sinalam que em partes da península ibérica ainda se cozinha este tipo de pães. Ao reparar nisto procurei por «pão de alfarroba» e «pan de algarroba» e, efectivamente, apareceram várias dúzias de receitas atuais. Até em Nestlé.

Eliminei destas fórmulas todos os ingredientes que não existiriam na altura para Talhoffer. O resultado foi uma receita muito singela, mas que requer uns poucos comentários:

Receita do Pão de Talhoffer

Pão de Talhoffer no encontro de HEMA Torre de Hércules 2022.

Ingredientes. É tudo aproximado e podes variar as proporções dependendo do resultado que procures:

  • 2 kg de farinha de trigo
  • 750 g de farinha de alfarroba1
  • 16 g de fermento de padeiro
  • 9 g de sal
  • 1 litro de mel
  • 150 ml de água morna*

* A água seguramente será mais, mas é melhor acrescentar depois se a massa fica muito dura.

Método:

  • Na água morna, ativar o fermento de padeiro e somar parte do mel, para alimentá-lo. Deixar 5 minutos até que faça um pouco de espuma (mostra de que está vivo).
  • Por enquanto, misturar a farinha de trigo e a de alfarroba e, uma vez o fermento esteja ativo, acrescentar a farinha ao líquido. Somar igualmente o mel, o sal, remexer e adicionar água se for preciso para obter a textura desejada.2
  • Uma vez bem misturado tudo, deixa descansar um par de horas. Vai levedar um pouco, mas não vai dobrar o tamanho, nem nada que se lhe assemelhe. Novamente, a alfarroba interfere com a farinha de trigo.
  • Pré-aquecer o forno a 180 °C durante 10 minutos.
  • Forrar umas formas com papel de forno (o bolo é muito peganhento) e emborcar a massa nelas. Deixa margem, pois vai crescer no forno.
  • Eu espolvilho por acima um pouco de farinha de trigo porque gosto do contraste do branco dela com o escuro da massa (ver foto), mas obviamente não é necessário.
  • Cozer durante meia hora, ou até que espetando uma faca ou pauzinho no meio, saia limpo.
  • Deixar arrefecer fora do forno, tirar das formas e comer.

Dura mesmo 4 dias ao ar livre, mesmo a temperaturas >30 graus, como verificamos no encontro Torre de Hércules. Com melhor conservação (no inverno, na casa, cobrindo para não secar) consegui fazer durar uma semana inteira, e continuava comestível.

 

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Sobre a Conquista da Vitória (1)

→ Este texto é parte do tratado sobre onomancia (magia com nomes) escrito por Johannes Hartlieb — médico, poeta, sacerdote e em aparência ocultista também — na primeira metade do S.XV. Hartlieb era amigo ou conhecido de Hans Talhoffer (o suficiente para o ajudar em pleitos, polo menos), e as suas receitas magicas deviam ter credibilidade como para que este último as incluísse no seu próprio manuscrito de 1448. No futuro tentarei publicar o resto do tratado sob o tag de #magia.

O interesse deste material que aparece associado aos manuais de artes marciais é duplo: por uma parte ajuda a compreender a cultura (especialmente a marcial) da altura. Por outra, coloca em questão a credibilidade que devemos dar a autores que tanto receitavam técnicas para o uso com espada como métodos infalíveis para ganhar se conheces o nome da tua oponente.

Sobre a Conquista1 da Vitória (1):
os nomes das Irmandades da Nossa Senhora e de São Jorge

por Johannes Hartlieb,
em tradução de Diniz Cabreira.

Em primeiro lugar, devemos observar que toda a Arte de Vencer depende do dia que pertence a quem combate determinado polo nome que leva.

Deves saber que quase todos os grandes mestres costumam categorizar os nomes em duas listas: a primeira contém os nomes consagrados à Nossa Senhora, a Virgem Maria; a outra a São Jorge. De modo que todos os nomes pertencentes a Nossa Senhora, ou seja, que estão na lista dela, são chamados Irmandade da Nossa Senhora, e aqueles no grupo consagrado a São Jorge, são chamados Irmandade de São Jorge.

Além disso, deves saber que todos os nomes que pertencem à Irmandade da Nossa Senhora obtêm vitória completa três dias de cada semana e domingo à tarde. Da mesma forma, a Irmandade de São Jorge obtêm a vitória completa três dias de cada semana e no domingo de manhã (antes do meio-dia).

  • Terça, quinta e sábado e a tarde do domingo são da Irmandade da Nossa Senhora.
  • As segundas, quartas, sextas e antes do meio-dia do domingo pertencem à Irmandade de São Jorge.

Agora atende a isto: se vás desafiar alguém e tens vontade de levar o combate a sério,2 deves ante todo ter a certeza de fazeres isto no teu próprio dia, e ter também a certeza de que quem escreva a carta de desafio esteja na tua Irmandade, e também a pessoa a fazer a entrega da mesma — que seja o dia de todas essas pessoas. Se fizeres isso, não há dúvida de que a vitória e a vantagem serão para ti. Mas deves ter cuidado em não te confundir de dia, ou deixá-lo passar.

Deves também observar que se desafias a tua Irmã ou Irmão em Nome num dia que pertença a ambas partes, será a quem provoca quem terá a vantagem. Mas se uma das duas pessoas quer obcecadamente arriscar-se a lutar contra a sua Irmã, deve escolher os dias que não lhe pertencem.

Por exemplo, se fores da Irmandade de São Jorge e quisesses combater contra outra Irmã de São Jorge, deves começar os preliminares num dia que pertença à Irmandade da Nossa Senhora: terça, quinta ou sábado, e no mesmo dia deves enviar a mensagem ou respondê-la.

O mesmo se aplica à Irmandade da Nossa Senhora, que deverá escolher dias pertencentes à Irmandade de São Jorge.

Adverte que deves guardar-te da alteração de um desafio ou resposta, pois do teu desafio pode resultar que a outra parte decida responder, e o mesmo cálculo pode ser feito ao contrário, e se evitas isso evitarás também grandes males.

Sabe também que quem desafia e quem defende devem esperar para que o desafio ou a resposta aconteçam no seu dia, após o que podem fazer o que quiserem.

Sabido é que quem combate num dia que não é o seu, inevitavelmente terá mal fado. No entanto, quando combatem duas pessoas Irmãs de Nome num dia que não for o seu, vencerá quem emitiu o desafio, mas no caso contrário, a desafiante será derrotada.

Se desejas saber, quando duas pessoas forem combater, quem receberá ferida e em quê parte do corpo, deves atender ao seguinte:

Se quem cobiça a vitória combate contra uma pessoa Irmã no Nome num dos seus dias, não vencerá: a desafiante será ferida, ainda que a vitória lhe correspondesse.

Se o combate é antes do meio-dia, a ferida será da cintura para cima. Se o combate é na tarde, a ferida será de cintura para baixo.

Se queres saber que extremidade vai ser ferida — é um bom dado que revelar à gente — deves fazer o seguinte:

Sabe que nas artes cabalísticas cada dia vem dividido em doze horas. Destas doze, seis são na manhã e seis na tarde.

Quer o dia seja curto ou longo, devemos dividi-lo imediatamente desde a primeira hora em que o sol nasce até o pôr do sol.

Presta atenção: nas horas ímpares as feridas serão no lado direito, e nas horas pares, no lado esquerdo.

Deste modo, se alguém combate a primeira hora da manhã, receberá ferida no lado direito da cabeça ou pescoço, mas se combate na terceira hora da manhã receberá ferida no lado direito do peito ou do braço. Se combate na quinta hora, receberá ferida na cintura direita.3

Se combate na segunda hora, receberá ferida no lado esquerdo da cabeça ou pescoço; se combate na quarta hora, receberá ferida no lado esquerdo do peito e no braço esquerdo; mas se combate na sexta hora, vai receber ferida do lado esquerda, na cintura.

Se combate na primeira hora da tarde, receberá ferida do lado direito no quadril, sobre a coxa; se combate na terceira hora, receberá ferida na coxa do lado direito, sobre o joelho. Se combate na quinta hora, a ferida será na perna direita, por baixo do joelho.

Se combate a segunda hora da tarde, receberá ferida do lado esquerdo, próximo ao quadril; se combate na quarta hora, receberá ferida na coxa esquerda, acima do joelho; se combate na sexta hora, receberá ferida na perna esquerda, por baixo do joelho.

Devemos também deixar claro que pode acontecer que alguém receba ferida em vários lugares. Isso acontece quando o combate dura muitas horas consecutivas. É algo a ter presente.

Agora vou indicar os nomes da Irmandade da Nossa Senhora e da Irmandade de São Jorge.4

Primeiro aqui estão os nomes da Nossa Senhora:

Herman Arnt Sebalt
Friderich Matheus Wasilius
Fritz Rudiger Thomas
Gerhart frantz Reuelant
Cunhart Seÿfridt Elberwein
Gebhart Rudolff Parcziual
Sem Rupprecht Gerlach
Niclas Gotschalck Cristoffel
Heinrich Engelhart Marcius
Peter Caspar Adam
Paulus Ernst Erenfrid
Hemeran Erbwein Lutolff
Meinhart Vincencius Martinus
Ott Laürencius Herwick
Wolffram Magnus Hartman
Arnolt Hylbrant Genewein
Dÿtrich Moralt franciscus
Matheis Dytmar Reinhart
Anthonius Wÿlpold Neythart
Michel
Wÿckman

Aqui está a Irmandade de São Jorge:

Hanns Valbrecht Walthazar
Endres Gotfridt Wilhart
Jacob Deinhart Wenlant
Karll Herwart Alhart
Vlricus Clemens Absolon
Papp Gothart Lucas
Albrecht Ambrosius Glyttur
Lewpolt Arclein Harig
Jorge Reichwein Harttüng
Eberhart Gregory Melchior
Gernhart Wenczla Heÿdolff
Gernolt Lamprecht Werniger
Perchtolt Hambald Stephan
Bartholomes Gümprecht Eckhart
Reynhart Neÿdüng Lutz
Brawn Reichart Appel
Ludwig Sindeman Pürckhart
Cristan Linhart Eraßm
Hunold Gößwein Sigmund
Philippus Wolff Augustinus
Engelbrecht Freÿdang Rempercht
Symon

Esta é a Arte Verdadeira e os nomes exatos da Irmandade da Nossa Senhora e da Irmandade de São Jorge, e quem por ela se guie, com certeza não conhecerá a derrota.

 

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Como treinar com estudantes principiantes

→ Esta é uma tradução parcial, autorizada e adaptada do artigo How to train with beginners, do Guy Windsor. O texto original é mais longo mas também mais específico da sua School of the Sword, e das experiências pessoais do próprio Guy. Porém, a parte central que aqui recolho resulta de aplicação para qualquer pessoa que trabalhe com gente menos experimentada na Kunst des Fechtens, motivo polo que fica como documentação para o estudantado da Arte do Combate.
[Este texto] reflexiona acerca de como o estudantado com maior experiência pode utilizar as pessoas novas que se incorporam às aulas para treinar de modo eficiente em proveito de ambas partes. […]
  1. Deves ser um modelo perfeito. A regra das pessoas iniciantes é esta: mostra a técnica certa mil vezes, e acabarão por copiar corretamente. Mostra a técnica errada uma vez, e copiarão perfeitamente nessa primeira vez. Digo isto sem desrespeito. É simplesmente uma verdade, e nunca vi uma pessoa iniciante para quem não fosse assim. Portanto, ter iniciantes perto exige que todas as tuas ações sejam tão perfeitas quanto for possível.
  2. Trabalha ao teu próprio nível. Uma das cousas que as pessoas iniciantes precisam aprender é a terminologia da Arte. Com elas fazemos cousas como chamar os nomes dos deslocamentos (reto, estranho, passo, compasso, etc.) para responderem com o movimento correspondente. Para o estudantado mais experiente na mesma turma, isto pode parecer miseravelmente tedioso, mas não deveria: espera-se que trabalhe no seu próprio nível. Assim, enquanto toda a aula está a fazer a mesma atividade, algumas pessoas trabalham em lembrar os termos; outras no aperfeiçoamento da sua mecânica; e algumas em possíveis aplicações, desde geração de energia, defesas, ou aplicações técnicas específicas.1
  3. Aproveita o caos. Em exercícios de pares, a pessoa menos experimentada naturalmente cometerá erros. Excelente. Uma verdadeira fonte de caos! O ataque pode ser forte demais, estar muito longe ou muito perto, na linha errada… qualquer cousa. O teu trabalho é adaptar sem esforço e espontaneamente o exercício às condições específicas do ataque que recebes, não ao que esperavas. Isto exige o 100% do foco no que acontece. Quando for a tua vez de fazer o ataque deverás demonstrá-lo perfeitamente (conforme o exercício, como é óbvio). Desta forma teu treino alterna entre escolhas táticas 100% perfeitas em tempo real e mecânicas 100% perfeitas no teu próprio tempo. Parece um exercício 100% perfeito, não é?

É bom também teres presente que:

  • O ataque que recebes nunca é «errado»: só te atingem se falhas na defesa.
  • A tua correção da forma em que a outra pessoa executou o ataque será muito mais convincente se ocorre após teres sucesso na defesa, do que se vem depois de o ataque «errado» atingir-te.
  • Educa modelando, não explicando. As pessoas iniciantes não são estúpidas: apenas ainda não receberam o mesmo treino que ti. Precisam de oportunidades para praticar, não duma palestra.
  • Este tipo de treino exige 100% de foco nas especificidades do ataque que recebes, não no que esperas.
  • Ao treinar com iniciantes, recebes a oportunidade de trabalhar «em profundidade», melhorando a forma em que executas algumas ações. Por contra, nesse treino terás menor oportunidade de trabalhar «ao largo», usando uma maior gama de ações (porque isso vai confundir a pessoa iniciante, já de seu sobrecarregada). Quando emparelhes com estudantes com mais experiência é que poderás trabalhar «ao largo», sempre que isso não entre em conflito com os objetivos gerais da aula.

Por estes motivos, deves aprender a apreciar o influxo de novos geradores de ações aleatórias que exigem a tua perfeição. Tem presente também que, numa década ou duas, essas pessoas podem ser muito melhores na Arte do que ti és agora. Mas sempre lembrarão e sentirão gratitude pola ajuda que lhes deste quando começavam. Podes estar a ajudar a treinar o próximo Bruce Lee, ou Aldo Nadi, ou mesmo Johannes Liechtenauer!

Se achaste estas reflexões úteis, compartilha com as tuas amizades!

 

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Treino solitário sem espada (1)

Há uns meses uma estudante da Arte do Combate perguntava que exercícios podia fazer na casa enquanto não chegava o dia do seguinte treino. O mês passado outro estudante esteve um tempo ausente de aulas e tentei juntar algumas ideias para ele continuar a treinar. Nas atuais circunstâncias de pandemia — que está a fazer que muitas escolas de HEMA devam fechar temporariamente as portas — a matéria volta a ser urgente. Decidi, portanto, juntar aqui umas quantas dicas para presente e futura referência.

[Na imagem de destaque: uma das lâminas indecifráveis do MS.Thott de Talhoffer. Não temos certeza do que sucede nela, mas pensamos que tem a ver com treino físico para os duelos judiciais.]

Exercício em solitário: nem apenas só para quando não tens com quem treinar

Ter outra pessoa com quem treinar é imprescindível no estudo da Arte. Necessitas cruzar as espadas, sentir o ferro, testar técnicas contra alguém que não coopera. Também te beneficiarás enormemente da experiência de gente que leva mais tempo que ti a estudar as mesmas cousas.

Porém, o exercício não começa nem acaba na aula. Ir treinar umas horas à semana e depois esquecer a Arte até o próximo treino reduz muito a capacidade do corpo de interiorizar movimentos, e a capacidade do cérebro de manter relevantes os seus princípios teóricos e práticos. O treino em solitário não é uma alternativa à prática em grupo: é um complemento.

Repara em que o GNM HS 3227a  diz:

Deves ter uma mente aberta e treinar muito, e quanto mais treines, mais hábil vás ser na hora do combate verdadeiro.

E também, mais adiante:

Treina como queiras combater na hora da verdade.

Isto quer dizer que raramente é suficiente com os exercícios feitos nas aulas: o propósito deles é mostrar o que deves aprender, mas é necessário fazer muitas repetições, experimentar para saber porquê funciona o que funciona ou porque não, e adaptar o que necessites ao teu físico e personalidade.

Há também muito elemento básico da Arte que requer trabalho constante: distância, tempo, forma (física e técnica), concentração. Todo isto pode e deve ser trabalhado com regularidade.

Em termos um bocado gerais, eis uma coleção de elementos que é necessário trabalhar sem sequer pegar nunca numa espada para dar forma ao conjunto mente-corpo:

  • ganhar consciência do próprio corpo (proprioceção)
  • conhecer os teus limites físicos e mentais (temporais — os que vão melhorar com treino — e permanentes — o que não podes ou queres fazer).
  • criar hábito de boa estrutura no movimento
  • aprender a gerir distância e tempo
  • aprender a controlar o corpo e a arma — fundamental para a segurança das parceiras, quando estas existirem.
  • reflexos
  • coordenação

Deslocamentos

Trabalho de deslocamento:  passos (mudando o pé que avança) e compassos (sem mudar o pé adiantado) de avanço e de recuo. Passos e compassos transversais (nas diagonais). Isto tudo pode ser feito na casa, no trabalho, e em geral em qualquer espaço, mesmo se reduzido (este vídeo, por exemplo, foi gravado durante um confinamento da COVID):

Aos transversais vistos acima pode-se somar passos cruzados (Schiltstritt).

Se tens mais espaço, podes treinar também passos e compassos circulares, ou de roda (transversais rotando o corpo).

A ideia não é dar passos às toas, mas dá-los bem. Depois de cada passo ou compasso, deves comprovar a estrutura corporal:

  • costas direitas
  • ombros relaxados
  • ombros e cadeiras paralelos à oponente imaginária
  • joelhos flexionados e abertos (não colapsados)
  • o joelho do pé que deu o passo sobre a planta do pé
  • ponta do pé que deu o passo orientada na direção do movimento

Fortalecimento físico

As pernas são uma parte fundamental e muito ignorada dos requerimentos físicos para as HEMA. A gente tende a focar no tronco, pensando que musculatura nos ombros e braços é o que necessitam, mas as pernas são as que nos dão agilidade, colocam e tiram de lugares e as que potenciam o corpo quando realmente o necessitamos.

Um exercício fundamental são os agachamentos, bons não apenas para o Ringen (luta a mão vazia), mas para o uso eficaz do corpo inteiro com as armas também:

Nesse vídeo estão muito focados no físico, porque já conhecem a técnica, mas podem ser feitos inicialmente para trabalhar postura (costas retas, joelhos bem flexionados) que vai ser útil depois na luta com espada e corpo a corpo.

Outros muitos exercícios doutras artes marciais vão ser úteis para trabalhar o tronco. Por exemplo:

Exemplo de rotina diária

Este é um vídeo duma sessão de trabalho solitário na casa. A segunda metade inclui exercícios «com espada» (um jornal enrolado, na verdade) dos que falarei noutro artigo futuro. Repara em que dedicando cinco ou dez minutos a fazer estes exercícios diáriamente podes melhorar de forma notável o teu físico, memória muscular e biomecânica:

Verás que está focado nos deslocamentos e trabalho de pés e pernas. Dependendo das tuas necessidades podes incorporar outros dos ecercícios acima descritos.

Conclusão

Na realidade, o importante é mover-se. Quase qualquer movimento que façamos vai ser positivo para a melhora física, e portanto colocar-nos em melhor lugar para continuar o estudo das HEMA.

Como conselho final: não ambicionar demais. É melhor começar suave com séries de deslocamentos e uns poucos agachamentos cinco minutos ao dia, mas fazer isto todos os dias, que ter uma ou duas sessões muito intensas e depois nunca mais fazer nada. A rotina e repetição são a chave.

Se tens perguntas a respeito do teu treino solitário, não duvides em contactar comigo.

 

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